14 de outubro de 2009

FUTEBOLina: a droga do brasileiro

As quartas, aos domingos, ou sempre que o gramado chamar. Com chuva, com sol, ou sempre que o chamado soar. De dia, de noite, ou sempre que o esquema se montar. É só a bola rolar que lá estará o brasileiro, o eterno apaixonadamente apaixonado (ui, brega?). Pode falar que brasileiro sofre, que brasileiro come poeira, que brasileiro ataca de nacionalista por noventa minutos... Pode falar sim, afinal, é a mais pura verdade. Durante o jogo, lágrimas e zombarias têm lugar cativo; exaltações ao país costumam não faltar. É assim, é a vida, é a brasilidade em sua forma mais genuína!

Futebolarte é o entorpecente do brasileiro. Temos noventa minutos de alucinação. Esquecemo-nos de tudo, de todos, da nossa própria vida – perdoem, estamos sob o efeito da futebolina! O efeito vai passar, tudo voltará ao normal, mas precisamos desse tempo de devaneio. Precisamos esquecer-nos dos escândalos federais, dos bigodudos terminais – o bananeiro do chapelão e o Seu /sir.ney/ do Maranhão – da cotação da verdinha americana, da independência da ilha cubana, dos mísseis nucleares, dos Seus Parlamentares, da dinâmica da globalização... Precisamos ser apenas torcedores, apaixonados, desesperados, sofredores.

4 de outubro de 2009

Yoani Sánchez: a voz que se faz ouvir

Há aproximadamente um ano e quatro meses, Ana Paula Padrão e sua equipe desembarcaram em Cuba para registrar a situação do país logo após a renúncia de Fidel Castro. Anunciada pelo SBT, sua então Casa, como a primeira equipe brasileira autorizada a entrar no país, Ana Paula levou na bagagem o resultado de muita pesquisa, muita curiosidade e uma vontade louca de registrar como viviam aquelas pessoas, como sobreviviam os brasileiros dependentes de ajuda governamental e o que faziam para manter a identidade em um regime que ensinou às pessoas a viverem submissas e, consequentemente, conformadas. Ao longo das filmagens que resultaram em uma reportagem (espetacular) para o SBT Realidade, Ana Paula foi à casa de Yoani Sánchez, graduada em Filologia hispânica, mãe e blogueira cubana, que em seu Generación Y denuncia a realidade de um país no qual a liberdade de expressão e informação é apenas um sonho e os direitos dos cidadãos são explicitamente cerceados.

Nesta semana, Yoani mais uma vez está em voga - mas para quem já a conheceu, como quem vos escreve, esquecê-la é tarefa nada fácil e, muito menos, desejável. Desta vez, a blogueira cubana que causa tanto estardalhaço a ponto de ser criticada em prefácio de livro pelo próprio Fidel e ser, covardemente, considerada perigosa pelo governo, chama mais nossa atenção para o sistema decadente que insiste em dizer que "na ilha, tudo vai bem". Intitulada "As três mentiras cubanas", a entrevista feita pelo jornalista Duda Teixeira ocupa as Páginas Amarelas da edição 2.133 de Veja e é uma leitura essencial àqueles que pretendem conhecer a realidade além-América.