18 de junho de 2010

Palavra

Um minuto de silêncio. Sessenta segundos frente a 87 anos que, nem de longe, remetem-nos a uma vida silente. De repente, em um entreabrir dos olhos, foi o tal silêncio o que restou de sua onipresença. Muito além de discorrer sobre o homem, O Mestre debruçava-se puramente sobre a palavra; era ela, de fato, a protagonista de suas histórias. É pensar nele para que a importância e o trato com a palavra sejam, imediatamente, retomados. Mais do que nunca, precisamos dessa retomada.

Em uma época em que reticências viraram moda, abdicando-se da prolixidade de vírgulas, pontos e vírgulas e interrogações, não é de causar espanto que a palavra em 140 caracteres seja a imposição, a mais nova ditadura; não é de causar arrepios que as palavras inspirem desconfiança, ironia e – por que não? – medo. Nunca estivemos tanto no tão raso, quando é a profundidade e o seu “por descobrir” que excitam, seduzem e viciam.

3 de junho de 2010

FUNcouver

Ao caro leitor, a explicação: texto publicado na edição 64 do jornal laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP, Contraponto.


Enquanto a maioria das emissoras de TV brasileiras preparava-se para cobrir mais um show de peles descobertas, rostos exuberantes e sorrisos saltados à vista – nosso bom e velho lugar-comum – uma emissora em especial abastecia-se de casacos, luvas e botas para alçar novos horizontes, apresentando a nós brasileiros um show de exuberância e sorrisos onipresentes. Preteriu-se o espetáculo da beleza individual de corpos esculturais; preferiu-se a beleza das paisagens limpas ressaltada pelo brilhantismo de super-humanos.