27 de agosto de 2009

Lua 40 anos: por que chegamos lá?

O período era o da Guerra Fria, capitalismo e socialismo estavam no auge de seu entrave com a guerra indireta entre suas potências-mães, EUA e URSS. Almejando não somente a hegemonia política, bem como a econômica, ambos os lados viam com certa importância a conquista do além-órbita. Em meio a ataques e contra-ataques, o projeto espacial ia ganhando destaque, porém não como consequência de uma ciência astronômica bem desenvolvida, mas sim, de uma estratégia fortíssima de guerra. Afinal, um lado se impõe não apenas pelos seus atos, mas pela dimensão que consegue dar à sua força. Esse cenário então nos traz à tona uma instigante questão: seria a conquista da Lua, há quarenta anos, um feito muito mais político que propriamente científico?

Um forte indício que nos leva à essa questão e começa a nos remeter à uma provável resposta era a situação em que se encontrava a NASA quando, em 1961, John Kennedy discursa exortando seu país a mandar um homem à Lua e trazê-lo de volta em segurança. Recém-criada e carente de fundos, a Agência Espacial Americana passou a contar com quase 5% do capital do governo americano, recebendo assim carta branca para suas articulações. Caso isso não tivesse sido feito, a NASA só conseguiria enviar o homem à Lua na década de 80.

18 de agosto de 2009

Preserve o mundo - preserve a si mesmo

Pertencer a uma família, fazer parte de um grupo, compor as estatísticas de um determinado local são fatos que tecem nossa rede social dia-a-dia, mas não são nada igualmente comparáveis à nossa posição de cidadãos globais. Pensar socialmente é pensar em relações interpessoais; pensar globalmente é relacionar sua vida com o mundo. Assim, ambos passam a desenhar uma cadeia indelével, na qual ação e reação de uma das partes se confundem com as da outra.

Pensando globalmente, tendo ciência das nuances da cadeia que passa a integrar, surge no homem (ou assim deveria ser) a necessidade do zelo – que não seja diretamente para com o mundo, mas então em prol de si próprio. Esse zelo pode significar medidas de ação, de contenção e de reformulação, tangendo a política, a economia e o meio ambiente, esse que é o que mais precisa de atenção.

Proponho que o pensamento passe a ser verde, que a ação passe a ser sustentável e que cada cidadão globalmente inserido hasteie a bandeira do bem comum através do meio ambiente. Ajustando o zelo para com esse campo com os demais, sendo esses economia e política, fica evidente que é necessária uma reformulação dual, já que somos seres numéricos e legisladores deste mundo que não pode ser esquecido. Zelar pelo mundo é mais que uma obrigação, é a declaração irrefutável de ser participante, inserido, de ser vivo.

16 de agosto de 2009

O futuro chegou

Lendo a peça "O Amor do Soldado", um trecho chamou muito a minha atenção, tanto que grudou e não largou mais até agora! Nessa passagem, Castro Alves - que tem sua carreira de militante da liberdade narrada por Jorge Amado - conversa com alguns estudantes da Faculdade de Direito de São Paulo, dos quais ele passa a ser o líder inconteste. O período é pré-República, mas com manifestações cada vez maiores pela liberdade nacional. Com esse cenário de crise que gera constantes mudanças, o assunto não poderia ser outro senão "futuro da nação". Você já pode imaginar então que palpites não faltariam. Vejamos o que pensavam:

"Daqui a cem anos só a força bruta persistirá. Um ditador qualquer, brutal e insensível, dominará o mundo..." - apostou um dos estudantes.

"Isto é um absurdo. Não sabes o que dizes. No futuro os homens da ciência farão tais descobertas que a eles caberá o domínio do mundo..." - não hesitou em dizer o outro.

"Nem os brutos, nem os cientistas. Serão os místicos, pregando mais uma vez o perdão e a renúncia..." - defendeu o terceiro estudante.

Os próprios então, percebendo tamanha discrepância, não hesitaram em pedir a Castro Alves que desse seu parecer, mencionando o poema "O Vidente" escrito por ele. É então que ouvem:

"Discordo de todos os que aqui falaram sobre o mundo do futuro. Serão a liberdade e o trabalho irmanados. Ouvi:

E, enquanto sob as vinhas a ingênua camponesa
Enlaça as negras tranças
(...)
Prorrompe o hino livre, o hino do trabalho!
(...)
O ruído se mistura da imprensa, das ideias,
Todos da liberdade forjando as epopéias."

10 de agosto de 2009

Adivinhem...

Um vírus. Sim, um belo parasita intracelular. Como se tem falado em vírus ultimamente! No lugar de estar nas células, ele está mesmo é na boca do povo - desculpa pelo trocadilho. Virou motivo de piada, de alerta e até de pânico. Creio que se fizéssemos agora um ranking estilo "trending topics" dos assuntos nas rodinhas de papo, não faltariam #mascaras, #alcoolgel e claro, #gripesuina. Pronto, pronunciei!

Está ficando muito perigoso pronunciar o nome da nova gripe; você fala uma vez sequer e já arranjou discussão para um bom tempo. Afinal, nos momentos de "grandes acontecimentos" todos passam a ser especialistas no assunto tratado. Em terremotos: prazer, grandes sismólogos! Em enchentes ou secas: prazer, grandes meteorologistas! Em epidemias: prazer, grandes médicos! Agora, quando a epidemia é de uma gripe até então desconhecida: prazer, grandes falastrões!

7 de agosto de 2009

Finalmente, vamos respirar mais aliviados

Sete de agosto de 2.009: um divisor de águas, um belo dia para se recordar, afinal é a partir desse dia que vamos nos ver livres daquela fumaça toda na capital paulista. Não apenas da fumaça que incomoda, que cheira mal, como também da fumaça que mata. O fumo passivo está em terceiro lugar no ranking mundial de causadores de mortes evitáveis e quando se trata do fumante ativo os dados são mais assustadores ainda: por hora no Brasil, morrem cerca de dez pessoas em decorrência do fumo e, a cada ano, perdemos cerca de quatro milhões de pessoas de forma prematura graças ao tabaco. Quando pensamos então em cânceres gerados pelo cigarro os números se mostram inacreditáveis: 97% das mortes por câncer de laringe está diretamente ligado a essa praga. Lembrando que esses dados são da OMS.

Realmente, a situação não é nada confortável nem para quem fuma, muito menos para quem é obrigado a inalar todas as substâncias oriundas da tragada do amigo ao lado. Para dimensionar: um fumante passivo entra em contato com 4.700 substâncias químicas, entre tóxicos sistêmicos, irritantes, mutagênicos e carcinógenos, os facilitadores do câncer. Existem ainda, claro, os problemas imediatos como irritação ocular, dor de cabeça, vertigem e infecção respiratória. É, vivemos em meio a nuvens de fumaça nada límpidas.

4 de agosto de 2009

Leitura: uma chave de muitos segredos

Com o cenário globalizado observado nas regiões urbanas, algo essencial passa a soar como mais um problema a ser solucionado: time management. Sim, o planejamento do tempo se transformou em uma dor de cabeça. Tal obstáculo à plena organização e ao efetivo controle sobre nossa agenda afeta, principalmente, aqueles que se mostram menos preparados e experientes: a juventude.

Não faremos aqui desse problema o protagonista da discussão, e sim o fator causa principal de outro muito alarmante, agora de cunho intelectual: a falta de leitura. Por conseguinte, o atraso e até a má formação do intelecto necessário para uma formação acadêmica e até social - por que não? - satisfatória. A leitura, formadora de uma rara e preciosa capacidade humana de interpretar e decifrar sociedades, pessoas, culturas, períodos e até sentimentos, está sendo esquecida.