O período era o da Guerra Fria, capitalismo e socialismo estavam no auge de seu entrave com a guerra indireta entre suas potências-mães, EUA e URSS. Almejando não somente a hegemonia política, bem como a econômica, ambos os lados viam com certa importância a conquista do além-órbita. Em meio a ataques e contra-ataques, o projeto espacial ia ganhando destaque, porém não como consequência de uma ciência astronômica bem desenvolvida, mas sim, de uma estratégia fortíssima de guerra. Afinal, um lado se impõe não apenas pelos seus atos, mas pela dimensão que consegue dar à sua força. Esse cenário então nos traz à tona uma instigante questão: seria a conquista da Lua, há quarenta anos, um feito muito mais político que propriamente científico?Um forte indício que nos leva à essa questão e começa a nos remeter à uma provável resposta era a situação em que se encontrava a NASA quando, em 1961, John Kennedy discursa exortando seu país a mandar um homem à Lua e trazê-lo de volta em segurança. Recém-criada e carente de fundos, a Agência Espacial Americana passou a contar com quase 5% do capital do governo americano, recebendo assim carta branca para suas articulações. Caso isso não tivesse sido feito, a NASA só conseguiria enviar o homem à Lua na década de 80.
Pertencer a uma família, fazer parte de um grupo, compor as estatísticas de um determinado local são fatos que tecem nossa rede social dia-a-dia, mas não são nada igualmente comparáveis à nossa posição de cidadãos globais. Pensar socialmente é pensar em relações interpessoais; pensar globalmente é relacionar sua vida com o mundo. Assim, ambos passam a desenhar uma cadeia indelével, na qual ação e reação de uma das partes se confundem com as da outra.

