28 de julho de 2009

Malandro é malandro e mané é mané

Confusão: essa é a palavra que tem imperado ultimamente. E quem encontramos no meio dela? Encontramo-nos é a resposta certa. Infeliz, mas certa. Triste, mas certa. Confusa, mas certa. Entre desconfianças, indecências e imoralidades, a única certeza que temos é que não temos certeza alguma. Aqueles destinados a nos representar e a desfazer todas as possíveis confusões contribuem para nos deslocar ainda mais. Entre um cachorro em meio a um tiroteio e os brasileiros no furor de uma crise, é mais confiável seguir o cachorro quando se procura abrigo. Não que os brasileiros não sejam confiáveis - quem sou eu para falar isso? - mas são confusos demais.

A cada dia, somos brindados com "excelentíssimas" novidades; testemunhamos alianças que nossa vã filosofia jamais suporia realizáveis, descobrimos atos que já prevíamos acontecer, mas que envergonhavam menos por serem ainda secretos e que surgem como uma bomba relógio procurando desesperadamente um lugar para devastar. Com o nascer do sol, renasce o receio por novas notícias, mais particularidades pobres podem surgir e assim, mais uma vez, despejar sobre nós um balde de água fria. No país do cidadão "malandro" que não desiste nunca e sempre dá aquele jeitinho brasileiro, sentimo-nos como perfeitos manés que andam levando tropeços e rasteiras aos pares.

É preciso mudança – precisamos mudar. Cair aqui no clichê de dizer que "a culpa é do governo e somos vítimas de seus jogos de poder" é um erro fatal do comodismo. Tento então colocar as coisas por outro quadrante, o qual talvez até soe mais complicado, mas que nos fornece uma promissora solução. Se tudo está desse jeito, se estamos nessa zona contínua de turbulência, a culpa também é nossa. Afinal, estamos em um número muito superior ao daqueles que sentam nas cadeiras azuis, fazem longos discursos para ninguém e viajam que é uma beleza, não estamos? Assim, o poder não está na mão de quem julgamos estar, ele cai sobre mãos mais genuínas, mais dignas, mais honradas, por mais que confusas, nas mãos do brasileiro. Aquele típico boa praça que não nasceu com disposição para "bancar o mané", e sim para "pagar de malandro".

Um detalhe, porém, não pode fugir por entre nossas desatenções: malandro que é malandro, é conhecedor, está ciente de tudo que se passa à sua volta para, na hora certa, dar o bote. A predisposição para tal ofício já temos, a malemolência para tal já nos foi ofertada, o cenário está cuidadosamente preparado, precisamos então da artimanha do saber. Se passarmos a deter o conhecimento, reverteremos à situação e reassumiremos nossos cargos de "chefes da malandragem". Vejamos o que Chico Buarque canta sobre tal gênero:

"Agora já não é normal: malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social,
malandro com gravata e capital, que nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, não espalha, aposentou a navalha,
tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
mora lá longe, chacoalha no trem da central.”

3 comentários:

  1. Vc tem razão sobre o comodismo, mas eu tenho esse pensamento hahaha... sim,é um pensamento errado, uma afirmação que faz com que 'a gente' não se mexa e deixa tudo por conta do governo =/... Está de parabéns com o post *-*
    beijoss!

    ResponderExcluir
  2. o que posso dizer: vamos todos ser malandros. Vamos adquirir conhecimento para que na hora certa possamos aplicá-lo, ou como disse: "dar o bote". Não nos acomodemos com o que os outros nos ditam. Façamos a nossa regra, a nossa maneira.

    ResponderExcluir

Quem declara agora é você!